domingo, 23 de novembro de 2008

Juventude ****

Imagem: Divulgação
Por Caroline Lima

Domigos de Oliveira é ator, roteirista e diretor do filme "Juventude". Com características autobiográficas, o filme é passado na casa de Davi, interpretado pelo magnífico Paulo José, que reúne seus amigos de juventude para relembrarem os bons momentos que viveram juntos. Mistura de filosofia com poesia, os diálogos são profundos e em sua maior parte, engraçados.

O filme todo foi filmado em apenas 2 semanas, com um orçamento de 800 mil reais. Algumas cenas é possível perceber que não houve muita preocupação em conter a luz natural vinda de fora da janela, alguns outros defeitos de filmagem, e ainda planos mal definidos e sem profundidade, mas mesmo assim, parece que tudo foi uma brincadeira, que faz o público interagir também, não tirando a magia do que é visto na tela. Tudo se torna real, palpável. Talvez seja por essa razão a escolha de filmar com câmera digital. Parece que tudo ocorreu sem muita pretensão de acontecer, o que ainda assim, garante momentos ótimos de risadas e descontração. É, antes tudo, um filme que ressalta a vida, cultua a amizade e companheirismo, mesmo com 60, 70 anos. Contando suas experiências, inseguranças e aquilo que têm medo, os três se descobrem mesmo depois de tantos anos de amizade.

O Coração (El Corazón) **

Imagem: Divulgação
Por Caroline Lima

O documentário de Diego García-Moreno conta a história de um soldado do exército colombiano que pisou em uma mina e que teve estilhaços presos em seu coração. A partir daí, outras histórias são desenvolvidas, tudo para explicar a fixação da Colômbia pela simbologia do coração, contextualizando também com o impasse da guerrilha das FARC.

A saga do soldado para conseguir a cirurgia de retirada dos estilharços é dolorosa. Um médico especializado em cirurgias do tipo se sensibiliza com o caso e resolve ajudá-lo, pois também sofre com a doença cardíaca de sua mulher. As imagens da cirurgia são chocantes, e fizeram o público fechar os olhos. E é justamente essa a intenção que o diretor queria que os outros percebessem: o mundo fecha os olhos para não ver os próprios problemas. A discussão desses temas é importante para a atual situação da Colômbia.

Os recursos utilizados pelo diretor foram bastante simples. É possível perceber a baixa produção na fotografia e poucos movimentos de câmera. Entre um assunto e outro, uma chamada é feita para a próxima questão, tornando o documentário repetitivo e cansativo. Durante a exibição do documentário, houve alguns problemas de legendas atrasadas e falhas na tradução. Mas nada que comprometesse o desenvolvimento e entendimento do que se mostrava na tela.

Um pouco de poesia, história, filosofia e lição de vida. Se era essa a intenção do diretor, provavelmente ele conseguiu. Quem assistiu "O Coração", com certeza, parou para pensar, ao menos um instante, sobre o que anda acontecendo tão próximo a nós.

Se Nada mais der Certo ***

Imagem: Divulgação
Por Caroline Lima

O filme do diretor brasiliense, José Eduardo Belmonte, tem como plano de fundo a eleição presidencial de 2006, e conta a história de um jornalista frustrado, interpretado por Cauã Reymond, que por dificuldades financeiras, acaba se envolvendo com golpistas.

A fotografia, assinada por André Lavenère, mostra a realidade da metrópole paulistana com todas as dificuldades que uma cidade grande tem, muito bem retratada, conseguindo envolver o público. A trilha sonora, que vai desde música infantil e samba aos clássicos do rock, agrada e nos remete a momentos de nostalgia. A interpretação de Cauã convence, e como encarna o bonzinho que também também estoura em momentos de tensão, tira um pouco a imagem de galã que construiu com os papéis que atua em novelas.

Apesar do baixo orçamento, o filme é bem produzido. Questionamentos interessantes é feito a todo momento e a história de cada personagem, o porquê se envolvem em trapaças, dão uma certa profundidade na caracterização do filme. Mas, as narrações e as longas tomadas de cena e várias captações de pequenos detalhes causam certo incômodo. Ponto alto para a interpretação de Caroline Abras, que vive Marcin no drama, que talvez por motivos de sobrevivência no mundo do crime, se diz menino.

O filme tem tudo para se tornar um sucesso. O elenco traz ainda João Miguel, Luiza Mariane, Milhem Cortaz e Leandra Leal.

A Festa da Menina Morta ***

Imagem: Divulgação

Por Caroline Lima

O primeiro filme longa-metragem do ator Matheus Nachtergaele, conta a história de Santinho, representado por Daniel Oliveira, que ganhou status de líder espiritual ao receber, da boca de um cachorro, os trapos do vestido de uma menina que desapareceu. Há duas décadas, um evento em homenagem à menina é realizado, onde o povo busca por bençãos e revelações, vindas da boca de Santinho em momentos de transe, durante a cerimônia.

O roteiro passa-se em Barcelos, cidade ribeirinha do Amazonas, e deixa bem claro o alto teor sincrético, misturando várias manifestações religiosas, como o catolicismo, candomblé e espiritismo. A festa atrai a cada ano um maior número de pessoas e cresce indiferente a dor da perda do irmão da menina, interpretado por Juliano Cazarré. Em meio às discussões religiosas, outro tema também causou polêmica e até uma certa repugnância no público, como o incesto entre Santinho e seu pai. Interessante perceber como Matheus tentou mostrar tudo isso e sem precisar mostrar com detalhes visíveis as relações sexuais entre eles. A adoração de um vestido rasgado contrapõe-se à beleza das manifestações populares, repleta de poesia. O filme é denso, forte, mas não é cansativo. A fotografia, assinada por Lula Carvalho, é cheia de contraste que remete ao drama da ficção. Em alguns momentos é nítida a influência de Claúdio Assis (diretor de Amarelo Manga), mas não passa de meras referências ou até coincidências.

Elenco também conta com Dira Paes [foto], Jackson Antunes, Cássia Kiss e uma pequena participação de Paulo José, além de atores locais. Todos os papéis possuem uma carga emocional muito forte. Destaco Santinho, que transita entre o profano e o santo, e sua histeria o torna de certo modo até cruel, e ao longo do filme, podemos compreender o porquê de toda sua agonia.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Por un Polvo (Por um pó) *

Imagem: retirada do blog do diretor

Por Caroline Lima

A intenção inicial, segundo o próprio diretor venezuelano, Carlos Daniel Malavé, de satirizar os filmes hollywoodianos é boa, mas nessa produção, não convence. Em "Por un Polvo", a mocinha bonitinha, porém, ordinária; o galã do tipo novela mexicana; o amigo esperto e faz-tudo; e os mafiosos, com algum plano desastroso por dinheiro, passam batidos e não impressionam mais. Sem contar o recurso de começar o filme de trás para frente.

Tudo começa com um diretor com problemas no processo criativo e com várias dificuldades de finalizar seu filme. Ele tem um filho e vive em guerra com sua ex-mulher. Precisa urgentemente conseguir fechar negócio e ter dinheiro para emplacar algum filme, quando então recebe uma ligação misteriosa de uma mulher e marcam um encontro às escuras. Acabam se envolvendo, e ele torna-se cúmplice dos planos dessa mulher e dos ‘capangas’ que lhe acompanham para trocar o pó por dinheiro, descobrirem o nome do tal líquido que reage com esse pó e, finalmente, conseguirem fugir para Paris. No meio do filme, é possível que você se perca e não queira mais assistí-lo. A partir daí, o filme não desenvolve muita coisa até seu final.

A trilha sonora é muito confusa, fazendo com que o telespectador sinta-se numa festa rave e disperse a atenção. E sem contar as excessivas cenas de sexo e culto ao corpo da bela atriz, talvez um dos poucos recursos para prender a atenção do público.

Além do filme não ter agradado muito, ainda houve vários fatores que o atrapalharam durante a exibição, como corte de áudio, legendas atrasadas e algumas falas sem tradução. Parecia que os 90 minutos de filme eram intermináveis. As várias reviravoltas o tornam cansativo. Por fim, tudo não passava de uma idealização de roteiro. E o filme termina onde começou. Uma estrela, para apoiar a produção de filmes latino-americanos.

Cinderelas, Lobos e um Príncipe Encantado *****

Imagem: Divulgação

Por Caroline Lima

Há muito tempo, Joel Zito Araújo é engajado em temas que envolvem questões sociais. “Cinderelas, Lobos e Um Príncipe Encantado” (2008) é um documentário obrigatório para quem quer conhecer um pouco mais sobre o turismo sexual no Brasil, com depoimentos de mulheres que vivem disso, com todos seus sonhos e a busca pela felicidade.

A realidade de quem está inserido nessa questão vai muito além da prostituição. Pontos interessantes, como o estereótipo que os estrangeiros têm da mulher brasileira; questões históricas; mulheres que embarcam para um país totalmente diferente do Brasil, a busca por um marido gringo; e a tolerância do Brasil em relação à prostituição infantil também são abordados, com uma linguagem de fácil entendimento. Mesmo o documentário sendo narrado pelo próprio diretor, não tornou-se cansativo, fazendo um gancho entre uma história e outra.

Interessante perceber também como o diretor conseguiu arrancar histórias tão chocantes e que muitos se recusam a discutir, ou pior, enxergar. Os motivos dessas mulheres entrarem na prostituição variam muito, e vão desde problemas com a família; vontade de freqüentarem lugares bacanas; morarem em outros países; ou correrem atrás de um grande amor. O choque de culturas também é muito frisado durante o documentário. Muitas delas preferem homens brancos a negros, e algumas se recusam a fazerem programas com brasileiros, pois os acham grosseiros e não pagam bem. Mesmo sendo um assunto tão polêmico e pouco discutido, podemos garantir momentos de risadas, como no depoimento do travesti Camila, na alegria de Neuza, e na visão que Jô tem de sua vida. O documentário ainda conta com o depoimento da senadora Patrícia Samboya, que se emociona e se mostra super engajada nessas questões, pois ela ajuda na luta para que isso se extermine e que essas mulheres possam ter um futuro melhor.

Com certeza é um documentário muito bem montado e pesquisado, rico em informações. Deveria ser visto também por todas as autoridades, e ser de interesse geral. Um documentário assim não merece simplesmente ser ignorado. Certamente, quem o assistiu também saiu nu de referências, assim como o próprio Joel Zito disse no final.

domingo, 9 de novembro de 2008

First Love *

Imagem: Divulgação

Por Juliene Rodrigues

Dirigido por Kouichi Imaizumi, o filme First Love, retrata a história de Tadashi, um estudante japonês que descobre-se apaixonado pelo colega de escola Kota. Muito tímido, não sabe como lidar com esses sentimentos, principalmente porque é seu primeiro amor e, ainda por cima, por alguém do mesmo sexo. Ele era motivo de deboches entre seus colegas.

Tudo muda quando Tadashi se depara com um casal de gays no mêtro, Hiroki e Shinji (casal que espelha uma relação machista homem-mulher, onde o mais afeminado cuida da casa e o mais masculinizado vai trabalhar, com direito a chegar em casa de gravata e pasta na mão). Ele observa atentamente a conversa dos dois e decide segui-los para ter certeza se eram gays ou não. No desenrolar dessa trama ele conhece Keigo, um gay quase-trintão dividido entre a vida de “pegação” e a tristeza de não achar um grande amor, que de repente se apaixona completamente por Tadashi.

O diretor aborda em seu filme um assunto caro à comunidade gay, que tem criado bastante debate, inclusive político: o casamento entre dois homens. Acontece que Imaizumi Kouichi não está interessado em pensar na questão, como a lista de direitos de que um casal gay está privado por não ser considerado legalmente casado. Kouichi, na verdade, quer repetir aquela velha fórmula machista de seu casal de personagens, chegando mesmo a colocar na boca de um deles a fala "Eu também quero o direito de me vestir de noiva". Essa tentativa, fantasiada de inovadora, não faz nada além de mesmerizar uma fórmula arcaica que, ao invés de ajudar, acaba atrasando as inovações que ele aparenta defender.

Fico a me perguntar como um filme desse conseguiu entrar na Mostra competitiva. O motivo do meu questionamento não está nem um pouco ligado à questão do filme ter uma visão homossexual, mas ao contexto confuso do desenrolar da história. O autor utiliza sexo explícito em momentos desnecessários, e os atores que fazem papéis de gays deixam muito a desejar.

Espero que vocês não percam seu tempo com esse filme, muitas pessoas que estavam na platéia se retiraram. Não quero que vocês possam ser os próximos.

Mataram Irmã Dorothy *****

Imagem: Divulgação - Irmã Dorothy Stang

Por Juliene Rodrigues

“Estou aqui para dar esperança a esse povo. Não vou correr.” Essas foram as palavras da missionária Dorothy Stang, que demonstravam a coragem e persistência de uma lutadora. O documentário, dirigido por Daniel Junge, mostra com todos os detalhes o julgamento dos acusados de assassinar a irmã Dorothy, que atuava no Pará a favor da floresta amazônica.

Ela era uma religiosa de 73 anos, naturalizada brasileira, que foi assassinada com seis tiros na Amazônia, em 12 de fevereiro de 2005. A narrativa tem a perspectiva do irmão caçula de Dorothy, que veio ao Brasil na época para tentar entender o que tinha acontecido com sua irmã. O diretor Daniel Junge acompanha o irmão da missionária em todos os momentos.

Irmã Dorothy estava na Amazônia desde a década de setenta e desenvolvia um modelo de ocupação e assentamento rural sustentável (PDS - Projeto de Desenvolvimento Sustentável). Líder na conscientização da comunidade sobre desmatamento e grilagem de terras, a religiosa e seu "movimento" significava uma ameaça ao sistema dos grandes capitais que abarcam um modelo predatório naquela região – madeireira, pecuária e soja.

“Recebi 50 reais para matar irmã Dorothy”, essa foi apenas uma das muitas revelações feitas no documentário pelo assassino e pelos mandantes do assassinato de Dorothy. O filme apresenta imagens chocantes e fortes que emocionou a platéia que ali estava. O que mais chamou a atenção foi o diálogo dos advogados dos assassinos - personagens reais -, que mesmo diante da câmera de Junge, ridicularizam seus próprios clientes, falavam qual seria suas táticas de defesa sem nenhum tipo de preocupação com as filmagens.

É um documentário maravilhoso, precisa ser passado não apenas em festivais, mas principalmente nas escolas e até mesmo em cursos superiores como “Direito”, pois ele ajuda a aguçar a consciência crítica dos alunos. “Mataram Irmã Dorothy” possui todos os quesitos para conquistar o prêmio na Mostra Competitiva, e espero que ganhe. Foi um trabalho muito bem feito.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Filth and Wisdom ***

Imagem de divulgação de "Filth and Wisdom"

Por Rafael Carvalho
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Filth and Wisdom, em português “Sujo e Sábio”, é um longa dirigido por Madonna, tem duração de 80min, em cores e é um drama/musical/romance com certo tom de comédia, não por humor direto, mas pelas situações apresentadas. Conta a história de A.K., um imigrante ucraniano no Reino Unido buscando o sucesso de sua banda de punk cigano.

Além de A.K., apresentam-se na histórias duas jovens que dividem apartamento com o ucraniano cheio de maus costumes: Holly e Juliette.

Holly é uma bailarina clássica, uma moça linda, mas pobretona que encanta A.K., com ótimo humor, doçura, certa inocência e sem muitas saídas para seus problemas econômicos resolve seguir conselhos dados por ele e começa a dançar em uma casa de stripper. Mostra-se muito desengonçada e pena até conseguir pegar o jeito. Seu ápice como dançarina de casa noturna acontece ao som de Britney Spears, em uma dança sexy vestida de colegial.

Juliette é uma jovem engajada em razões políticas e sociais. Defende as criancinhas carentes da África. Trabalha em uma farmácia de um imigrante indiano que possui uma mulher escandalosa e muitos filhos, Sardeep. Seu chefe se demonstra descaradamente apaixonado por ela. Juliette é a mais revoltada com todas as situações do filme. Parece sempre muito depressiva, em alguns momentos, em diálogos com sua irmã, assemelha ter sofrido algum tipo de abuso por seu pai. Juliette roubava remédios calmantes da farmácia de Sardeep, tomando-os sempre em momentos de tensões.

A.K. mantinha contato com outros estereótipos bem marcados. Andre, como era chamado pelo Professor Flynn, escritor que perdeu a visão e pára de escrever. Meio sem rumo e sem motivação de vida, apaixonado por A.K. via nele um motivo para continuar vivendo, mas em certo trecho A.K. para de visitá-lo e Prof. Flynn fica muito abalado. Em um diálogo entre Flynn e A.K., o cantor apresenta traumas de infância que explicam sua conduta na idade adulta. Além desse senhor, ainda haviam os clientes de A.K.

Sem dinheiro, A.K. usava seu corpo como “uma caixa registradora que nunca fica cheia”. Andre tira um bom dinheiro interpretando o papel de dominador em seções de sadomasoquismo com homens cansados da rotina. Veste-se como cowboy, general, professor, até de mulher, e o que mais fosse pedido, como dar chicotadas, chutes e socos, acompanhados de suas memórias nos homens que o procurava.

O filme é muito bom e dinâmico, acompanhado de pensamentos subjetivos de A.K. que comentava momento a momento as histórias e falava de seus amigos. O roteiro fala sobre como as pessoas envolvidas nas sujeiras do mundo acabam se tornando sábias, e como as sábias estão envolvidas na sujeira de algum modo.

Em certo momento, o filme tem um caráter ideológico, mas há uma quebra que o leva para o lado de passar lições de “não-moral”, que mostra os caminhos deturpados que levam uma pessoa a alcançar todos os seus objetivos no fim. Em um desfecho meio fugaz, a banda de A.K. começa a fazer sucesso e ele fica com Holly, conquistando seus interesses. Juliette consegue viajar para a África, custeada por seu chefe, apesar de tê-lo roubado. Sardeep resolve se acertar com sua mulher escandalosa. Um dos clientes mais assíduos de A.K. começa a apanhar de sua esposa. E o professor Flynn ganha uma máquina de escrever em braile de Andre.

O filme é muito interessante, mas não o caracterizaria como um ganhador de um festival. Vê-se um grande caráter de filme comercial nele, para o qual atende muito bem os pontos que quis tocar, sem aprofundamento e sem a noção de realidade de algumas daquelas situações apresentadas.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

"Um homem bom" uma lembrança da Alemanha na década de 30 ***

Imagem: Divulgação - Dr. Halder (Ator: Virggo Mortensen)

Por Ana Carolina Curvello

Um filme recente feito em 2008, que remete à história de John Halder, considerado um bom alemão na década de 1930. Professor de literatura, tímido, honesto e idealista, que mora com a esposa ansiosa, dois filhos carentes e a mãe, que sofre de demência senil.

John tinha acabado de publicar um romance defendendo a idéia de que a eutanásia é um ato de compaixão, depois da pesquisa que o levou a investigar mais a fundo sua difícil situação familiar, dentro do ambiente da ideologia nazista. Não levou muito tempo até que o governo voltou sua atenção para a tese de John, que virou um alvo fácil para a Chancelaria do Fuhrer.

Em uma mistura de conceitos nazistas, o filme reforça a briga com os judeus, de uma forma espontânea com a situação de Halder com o seu amigo psicanalista. No entanto, Halder não sabe o que fazer, e por ser um homem bom, vive uma vida conturbada por querer ajudar a todos a sua volta.

A direção do filme, foi feita pelo brasileiro Vicente Amorim, o que surpreende a muitas pessoas por ser um filme alemão. No entanto, a escolha por ele foi decidida pela Agência EFE, que buscava alguém que não fosse europeu e que tivesse um enfoque pouco comum sobre a época, longe de idéias pré-concebidas. Assim, Vicente soube dirigir o filme de uma maneira condicente com a época de Hitler, e conseguiu mostrar a imagem de um homem completamente bom, em relação a uma época em que só se via maldade.

A idéia do filme, primeiramente pareceu bastante política, mas em um enredo bem feito foi possível ver a magia de uma época que é difícil esquecer. Na mente de Halder, a música foi a força principal de onde veio toda a sua ação bondosa, enquanto ele aparecia em uma cena de guerra ou briga, seus pensamentos viajavam em uma música tranquila, para esquecer momentos ruins de sua vida.

A competição da mostra, está complicada, visto que muitos filmes estão surpreendendo cada vez mais a expectativa dos telespectadores. Por isso, independente do resultado todos os filmes da mostra competitiva já foram premiados, pela honra de pelo menos serem um dos dez concorrentes.