Imagem: Divulgação
Por Caroline Lima
Há muito tempo, Joel Zito Araújo é engajado em temas que envolvem questões sociais. “Cinderelas, Lobos e Um Príncipe Encantado” (2008) é um documentário obrigatório para quem quer conhecer um pouco mais sobre o turismo sexual no Brasil, com depoimentos de mulheres que vivem disso, com todos seus sonhos e a busca pela felicidade.
A realidade de quem está inserido nessa questão vai muito além da prostituição. Pontos interessantes, como o estereótipo que os estrangeiros têm da mulher brasileira; questões históricas; mulheres que embarcam para um país totalmente diferente do Brasil, a busca por um marido gringo; e a tolerância do Brasil em relação à prostituição infantil também são abordados, com uma linguagem de fácil entendimento. Mesmo o documentário sendo narrado pelo próprio diretor, não tornou-se cansativo, fazendo um gancho entre uma história e outra.
Interessante perceber também como o diretor conseguiu arrancar histórias tão chocantes e que muitos se recusam a discutir, ou pior, enxergar. Os motivos dessas mulheres entrarem na prostituição variam muito, e vão desde problemas com a família; vontade de freqüentarem lugares bacanas; morarem em outros países; ou correrem atrás de um grande amor. O choque de culturas também é muito frisado durante o documentário. Muitas delas preferem homens brancos a negros, e algumas se recusam a fazerem programas com brasileiros, pois os acham grosseiros e não pagam bem. Mesmo sendo um assunto tão polêmico e pouco discutido, podemos garantir momentos de risadas, como no depoimento do travesti Camila, na alegria de Neuza, e na visão que Jô tem de sua vida. O documentário ainda conta com o depoimento da senadora Patrícia Samboya, que se emociona e se mostra super engajada nessas questões, pois ela ajuda na luta para que isso se extermine e que essas mulheres possam ter um futuro melhor.
Com certeza é um documentário muito bem montado e pesquisado, rico em informações. Deveria ser visto também por todas as autoridades, e ser de interesse geral. Um documentário assim não merece simplesmente ser ignorado. Certamente, quem o assistiu também saiu nu de referências, assim como o próprio Joel Zito disse no final.
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