"Mermaid" concorre na Mostra Competitiva ****

Imagem: Divulgação - Alisa (atriz - Mariya Shalayeva)

Por Ana Carolina Curvello

Em uma espécie de corrida do tempo alucinada, o filme Mermaid surpreende muitos telespectadores, com suas imagens fortíssimas e a história de Alisa, uma garota completamente perturbada, que nasceu no meio do mar.

O filme é quase um conto de fadas, cheio de fantasia e sonhos de uma menina que queria ser bailarina e foi obrigada a freqüentar um coral, mas apesar de ter um caminho independente, o filme consegue proporcionar ao público momentos de humor e de contemplação.

A história começa com um encontro de sua mãe com um marinheiro na praia, quando ela nadava completamente nua. Os dois se apaixonaram, fizeram amor no mar, e daí nasceu Alisa.

Desde então, Alisa perdia muito tempo de sua infância olhando para o mar, com a esperança de ver um dia seu pai. No entanto, sua mãe nem se preocupava mais, e se divertia com outros marinheiros que chegavam à terra. Ao descobrir os casos de sua mãe, Alisa ficou totalmente chocada, e deixou de falar por um bom tempo. As mudanças de humor na sua vida eram constantes, mas ela sempre conseguia uma maneira de se manter forte.

No momento em que ela se mudou para Moscou, sua vida mudou radicalmente, ela se apaixonou por um homem bem mais velho, e vivenciou situações em que tudo o que estava a sua volta conspirava sobre ela. As propagandas mostravam mensagens de auto-ajuda, as luzes da cidade as guiavam pelo caminho correto, e no seu trabalho, vestida de celular, pôde ver o mundo com outros olhos, em imagens alegres, tristes e grosseiras da realidade.

A montagem da fotografia com a direção de arte, durante o filme trouxe um ambiente de aquário e fundo do mar, nos remetendo ao nome do filme Mermaid, que na tradução significa Sereia. Além de exibir uma Moscou totalmente diferente da que já foi vista antes, com muitas cores, luzes e publicidade.

No contexto da história, a diretora Anna MelliKyan soube montar um roteiro bem amarrado, com situações diversas de uma menina que sonhava e ao mesmo tempo sofria com a realidade. Em sua estréia como diretora, Anna Mellikyan demonstrou segurança e competência ao fazer esse filme, por isso acredito que ela merece todos os prêmios já recebidos pelo filme.

Esse filme tem uma grande chance de ganhar a mostra competitiva. Com certeza, é um dos filmes que precisa ser visto mais de uma vez, e é uma excelente dica para quem quer conhecer mais do cinema independente mundial.